Avengers: Random & Fandom - Tony Stark e o Amor. Ou o Amor e Tony Stark.

Avengers: Random & Fandom

Tony Stark e o Amor (Ou o Amor e Tony Stark).

• Nota da autora: Coluna de hoje saiu com um pequeno atraso por que a colunista passou na prova de monitoria da UEPa e arranjou um emprego (\o/), teve que ler edital e ir em órgãos da Universidade dela, passou o dia todo correndo atrás de burocracias. E ainda teve que organizar o Mutirão do Desespero do Fim de Semestre de uma universidade pública pós-greve que consiste numa ajuda mútua passando dias inteiros estudando com as amigas. Peço perdão aos leitores, pelo atraso. Dito isso, vamos ao que interessa.

• Tema de hoje: Tony Stark (sim, ELE!) nos ensinando um pouco grande bocado sobre o amor (ou o não-amor) e suas várias formas. Essa coluna é dedicada a nossa leitora queridíssima, Karine dos Reis, que aniversariou ontem (e sugeriu o tema)! Parabéns, atrasado! 

"Sartre e eu nunca vivemos juntos e sempre consideramos ser livres de correntes que nos prendessem um ao outro. Se permanecemos unidos toda a vida, foi porque nos amamos profundamente e porque, livremente, sempre tivemos vontade de estar um com o outro. E isso é a coisa mais bela que pode acontecer a um ser humano.".

Simone de Beauvoir  sobre sua relação com Jean Paul Sartre.

"Os homens conseguem amar várias mulheres com a mesma intensidade.".

Mr. Catra (entrevista a Marília Gabriela)

Aqui vamos nós para um tema delicado. Acho que vou botar para fora muito de mim, enquanto escrevo. Vou tentar não deixar mela cueca.

É Natal, fim de ano e eu aqui falando de Amor (ou não) e Tony Stark, ao invés de deixar o tema pro dia dos namorados (14/02 nos EUA ou 12/06, aqui). Sim, somos do contra e essa é a graça.

Tony Stark é conhecido como O Garanhão, O Pegador, O Desejado da Marvel. Playboy, filantropo, lindíssimo, inteligente e o Robert Downey Jr. no cinema. Com um currículo assim o cara tem qualquer mulher aos seus pés, facinho.

A maioria das relações de Tony é tipicamente niilista e baseada no conceito "One Night Stand" que o pessoal do proibidão do funk não traduziria de uma forma muito bela, ou seja, basicamente na transa de uma noite que nada rende no dia seguinte; seja nas HQs, seja nas telonas, isso é fato consumado.

Tony gosta desse tipo de vida e não nega, tira seu prazer hedônico disso e precisa dele. Não é só algo superficial, como no caso de Bruce Wayne, pra fazer imagem. O Tony é canalha, ele de fato gosta disso. 

Agora, nem só de superficialidades vive o nosso Homem de Ferro. Ao contrário, Tony Stark ama. E de verdade. Só que da forma dele. 

Uma das relações do Tony que eu acho mais interessantes por sua beleza, luxúria, selvageria e total falta de compromisso posterior é a dele com a Viúva Negra. A Natasha sai do esquema de One Night Stand por que com ela são várias noites (nas HQs) e a admiração que o Tony tem por ela enquanto espiã também conta muito. O flerte entre eles é intenso, no filme. 

O que é mais chamativo nos dois juntos é por que eles são vibrantes, intensos e violentos; com Scarlett e Downey os personagens praticamente reluzem, tamanha a sensualidade de ambos unidos, em cena. E nas HQs, é uma relação bastante sexual, quase que totalmente. Mas por que seria uma forma de amor, então? Por que a Viúva significa algo pro Tony. Ela é uma criatura violenta e indomável, quase como uma manifestação feminina da personalidade feérica de Tony e ele adora isso. Ele sabe que não pode dominá-la, mas quer apreciar o máximo que puder. De uma forma distorcida, isso também é um amor. Meteórico e fulminante, mas amor.

Nas HQs, a lista dos outros amores de Tony é imensa, incluindo de Maria Hill até a Mulher Hulk. Ele consegue se envolver e se apaixonar louca e intensamente por ela, travando relações de natureza sensual e carnal, mas avassaladoras, intensas e marcantes. Leila Diniz já diria que o cafajeste é um compartilhador de felicidade, e o Tony não foge a regra.

Mas nosso menino de ferro tem seu calcanhar de Aquiles e porto seguro. Este atende pelo nome de Pepper Potts.

Eu confesso que não gostei de imediato de Pepper e Tony, mas o casal, e sua relação, são construídos e aprendi a apreciar aos poucos.  Claro que por tudo começar na vida profissional, já que a Pepper é funcionária pessoal do Tony, a coisa nasceu em detalhes técnicos. Pepper arruma agenda, cuida dos compromissos e tudo mais.

Mas daí eles construíram uma relação de confiança, que é o primeiro passo pro amor. Pepper acabou se tornando a âncora e o único ponto estável na vida flamejante de Tony. Ela é o porto onde ele pode sempre voltar e descansar, se precisar, como o porto solitário de um veleiro viajado. E a partir daí que ela o conquista e daí pra confiança evoluir pra amor é um mero detalhe, tornando logo real pela convivência. 

O momento que a Pepper coloca a mão dentro do coração de Tony é icônico e para mim uma metáfora perfeita do amor dos dois. Um amor que não é só de mimizisses e coisas belas, é um amor de detalhes, de desastres, de vivência. É um amor que se constrói do mínimo, tijolo por tijolo como apregoa a sociedade indiana.

E por mais que eles se amem, pelo menos até o segundo filme, sem contar Os Vingadores, não há a obrigação de relacionamento sério. Por isso coloquei a citação da Simone de Beauvoir no começo do post. Eles se amam sim, mas a Pepper deixa o Tony livre e vice-versa. Eles podem voltar um ao outro e voltam. Por escolha própria, acima de tudo.

Não é uma paixão tórrida, incontrolável. Não é uma transa ocasional. É um amor manso, mas sólido, verdadeiro, real.

Creio que o problema não é Tony Stark ser safado. É a nossa sociedade e seu critério antiquado de amor. Um amor monogâmico, unilateral. Gosto muito do conceito celta de amor; um amor livre, de muitas faces. Porque cada ser humano tem um lado diferente dentro de si e talvez  seja possível achar diferentes pessoas para preencher esses muitos lados. E talvez seja possível amar essas pessoas, de forma diferente, porque cada uma delas é especial, porque cada uma te preenche de uma forma única. Eu não sei, sou muito jovem pra dizer algo. Apenas acho que talvez seja possível.

O que eu sei é que Tony Stark ama sim. 

Do jeito dele.

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Sobre a autora: Yasmim Yonekura, estudante de Letras Língua Inglesa na Universidade do Estado do Pará, futuramente monitora na mesma. Escreve a Coluna "Avengers: Random & Fandom", que é publicada quinzenalmente às sextas-feiras e busca misturar universo de filmes e, às vezes, HQs da Marvel com temas dos mais diversos, do corriqueiro ao filosófico. Apaixonada pelo Capitão América, pelo Batman, boa literatura, boa música e pelos caras errados. Todos os comentários, dúvidas, opiniões, contribuições e sugestões para a coluna são bem vindas, me ache no Facebook ou pelo e-mail, ainda tem o Twitter.