Avengers: Random & Fandom - Por que filmes e quadrinhos de super-herói atraem público adulto?

"Então veja, quadrinhos para mim são contos de fadas para adultos. Homem de Ferro, Os Vingadores, Homem-Aranha e todo o resto são populares pelos mesmos motivos que João e o Pé de Feijão ainda é popular depois de milhões de anos. São boas histórias sobre personagens que são como nós, mas também maiores que nós. Esse é o fim de minha lição de filosofia.  Isso deveria ser esculpido em uma pedra."
Stan Lee, em entrevista a Playboy.



Nota da autora: Peço perdão pelo atraso. De novo, é, eu sei que não estou sendo muito boa com as datas, mas minha vida depois que me mudei anda uma loucura, espero que agora no segundo eu consiga estabilizar a escrita e publicação dos textos aqui. Mas pra compensar, vamos ter duas colunas publicadas em um espaço de tempo mais curto. 
A frase de Stan Lee que eu coloquei no começo do post foi uma das forças motrizes para esse texto, que é meio que uma reflexão pessoal sobre esses meus anos escrevendo sobre a cinematografia da Marvel e lendo quadrinhos. Acho que o que me desencadeou a ideia foi uma conversa há uns meses atrás com colegas da pós e ao ver uma amiga criticar a massificação de filmes de super-heróis eu fiquei refletindo sobre o assunto. Não a massificação dessas produções, que é obviamente baseada no lucro que elas têm atraído. 
O que me intrigou desde esse dia foi: por que quadrinhos e filmes de super-heróis têm atraído tanto o público adulto ao ponto de as produções se transformarem em algo bem mais sério e invadirem até a Netflix? 

Existem milhares de formas acadêmicas, psicológicas e científicas de responder a isso e eu não sou prepotente a ponto de querer investigar cada uma, mas vou registrar aqui o que resultou das minhas reflexões pessoais.



Definitivamente, os quadrinhos se originaram como algo para o público infantil. Digo na história moderna, não pretendo me referir a toda questão de representação e narração na arte. E eu diria que se desenvolveu um gênero infantil de HQs, mas os quadrinhos e, seu subproduto, filmes de super-heróis, definitivamente acompanharam o crescimento de seu público consumidor na história moderna do ocidente. Eu já abordei isso em outros textos, agora quero um enfoque diferente. Eu teorizo que há três principais fatores por trás da atração que os eles exercem: nostalgia, esperança e "subjetificação". Vou explicar a seguir:

1) Nostalgia: A infância definitivamente tem um papel fundamental na formação dos seres humanos e os eventos nela vividos habitarão para sempre cada um de nós, nem que sejam alojados no mais profundo do inconsciente. A exposição aos super-heróis é onipresente e, embora isso seja uma questão de gênero ainda, eu acho que a maioria dos leitores deve se recordar de ver algum na grande mídia e ter objetos e brinquedos de heróis, além de ler HQs. A oportunidade de reviver esses "sentimentos infantis" positivos de uma forma adultizada é um grande fator que motiva, conscientemente ou não, muito do público que vai aos cinemas prestigiar os filmes. Digo isso após muitas sessões com meu irmão mais velho (de 40 anos) e vê-lo voltar a um estágio muito próximo ao de uma criança (especialmente quando a gente foi ver a sequência de Thor, eu quase passei vergonha). Claro que meu irmão é um caso a parte (a gente brinca lá em casa que ele não fez o teste do pezinho), mas creio que muito do público que vai aos cinemas carrega secretamente essa nostalgia e encontra nos filmes uma forma de se conectar aos bons momentos da infância. Eu mesma  lembro de chegar da escola doida pra ver X-Men no SBT.



2) Esperança: Acho que definitivamente pouquíssimas pessoas vão admitir, mas ainda rola aquela esperança terrível de que super-heróis sejam verdadeiros e venham nos salvar. É um pouco vinculado a própria ideia de divindade, o que faz com que muitos tenham super poderes e/ou origens não-humanas. É outra forte catarse desses filmes e quadrinhos narrando a história deles. Há uma forte atração nessa ideia de salvação. E embora tudo vá de mal a pior na história, você tem a esperança, você realmente acredita que aqueles personagens que você acompanha vão conseguir se salvar e salvar a todos ao redor. Eu acho que em uma certa medida, eles até nos inspiram. Como diria o David Bowie, nós podemos ser heróis.

3) "Subjetificação": Não se aplica a todos os personagens, mas definitivamente acho que a identificação com os personagens dos filmes e HQs é algo que nos atrela profundamente a eles. Eu acho que o Capitão América, Steve Rogers, é uma bela prova disso. Ele era um garoto magrinho e simples que se tornou o salvador da nação. É como a história da Cinderela. Pode ser comigo, pode ser com você. Numa escala maior, acho que por causa disso, os quadrinhos de super-herói (e isso está se transferindo agora para o cinema derivado do gênero) já assumiram uma certa responsabilidade social; como eu explorei no texto sobre o Pantera Negra, há também o polêmico-clássico caso, embora os criadores neguem, de que Xavier seria a representação do Martin Luther King e Magneto representaria o Malcolm X. Não vou me aprofundar na questão e nem atestar ou contestar as afirmações, mas há muitas semelhanças. 


Eu poderia listar mais um milhão de questões e há muito que pode ser problematizado no que eu escrevi, mas, basicamente, foram essas as minhas conclusões. E você? Concorda? Discorda? Tem mais razões aí em mente? Pode me escrever contando!


E lembrem-se:

We can be heroes, just for one day
Nós podemos ser heróis, só por um dia

We can be us, just for one day
Nós podemos ser nós mesmos, só por um dia




Um comentário:

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