Avengers Random & Fandom - Representatividade na Marvel: quadrinhos, séries e filmes

Observação inicial: Grande parte dessa coluna se deve a ajuda do meu amigo, Leandro Albers, que além de ser uma das pessoas mais maravilhosas que conheço, sempre me envia um conteúdo muito bom sobre HQs, os quais eu invariavelmente passo bastante tempo lendo sobre e tendo ideias pra pesquisas acadêmicas e colunas pro blog. Obrigada por tudo, Le =)

A coluna de hoje nasceu das minhas observações sobre os novos (ou antigos, mas desconhecidos ou reformulados) super heróis da Marvel. A empresa tem apostado na diversidade como novo escopo e linha de frente das HQs a serem lançadas, sob o lema do "Tudo novo, tudo diferente" ("All new, all different").

O assunto da diversidade no mundo pós-moderno ainda é complicado de se explorar, mas, aparentemente, a grande mídia e as grandes empresas estão entendendo que o público mudou. Que os negros querem ser ouvidos, assim como os asiáticos,  as pessoas transexuais, o público LGBT, os nativos, as mulheres. A verdade é que o super herói branco, rico e heterossexual está se tornando obsoleto para os novos públicos que estão ganhando poder aquisitivo e em troca exigindo o - mais que merecido - direito de  representação.

Porque representar é importante? 

Porque isso tem a ver com trazer assuntos sociais pra baia do grande público. Embora o entretenimento capitalista seja acusado por muitos de ser alienante, ele também tem um grande poder de exercitar a visão crítica do público, justamente por ser tão sutil e despretensioso. Trazer assuntos relacionados a grupos historicamente marginalizados para a grande mídia é uma forma de trazer os assuntos sociais que os envolvem (quando a história é bem desenvolvida) e também é uma forma de desmistificar preconceitos. 

Nos quadrinhos, a Marvel já tem um bom histórico, com o Pantera Negra (primeiro super herói negro a ganhar quadrinhos solo e, em breve, filmes solos) & Mônica Rambeau, uma das capitãs Marvel, que também é negra (e usa um black maravilhoso). 

Recentemente, temos a She-Thor (do qual muito já se falou aqui na coluna) e agora o futuro Hulk é chinês. As mudanças de identidade e gênero na Marvel estão tomando bastante força. Mas a criação do primeiro HQ solo do Red Wolf (Lobo Vermelho, em tradução livre) é realmente uma nova fronteira na representatividade dentro da Marvel. Criar um universo novo para um herói nativo americano abre um mundo de possibilidades. 

Claro que, porém, a Marvel tem muitos desafios, se quiser levar essa política de representação da diversidade a fundo. Ou seja, tem que expandir isso pras séries e pro cinema, que ainda são, infelizmente, marcantemente branco e masculinizado. 

Isso significa que é preciso filme da Viúva Negra sim, é preciso filme solo do Pantera Negra e é preciso que as mudanças de  identidade e gênero nos quadrinhos comecem a chegar ao mainstream (embora o filme novo do Quarteto não tenha ajudado muito, pois sua má recepção pela crítica e público ofuscou  o quão importante foi mudarem a raça do Tocha Humana e a sua relação com a irmã). 

Embora talvez demore uns dois anos para isso se concretizar (o filme do Pantera já chega em 2017), eu acho que uma vez dado o primeiro passo, as coisas vão se acelerar nesse sentido.

Pelo menos, é o que eu realmente anseio. Ou seja, anseio por ver as narrativas de várias identidades tomando conta da mídia, para que o cinema da Marvel se torne tal qual a vida é: polifônico e ilimitado.