MCU Revisitado: O Incrível Hulk



Confesso que O Incrível Hulk, pra mim, foi um dos filmes mais difíceis de revisitar nesta lista. Pra mim, não sei se para você. Foi o único nestes 10 anos de Marvel Cinematic Universe (MCU) que não vi no cinema. Não consigo me lembrar do motivo. Estava guardando dinheiro pra assistir outra coisa? Não quis? Não faço ideia. Mas, é difícil pra mim porque quando eu vi o filme pela primeira vez achei ótimo. Agora, umas coisas me incomodaram.


O que todo mundo comentava na época de divulgação/produção do filme era que ele tinha sido parcialmente filmado no Brasil, claro. A "Rocinha" de O Incrível Hulk, na verdade, é Tavares Bastos (fiquei sabendo disso agora mesmo). E o Rio de Janeiro nem se chama Rio! A agente da SHIELD diz pro Ross que o refrigerante batizado que matou o velhinho com um gole só dentro de casa havia sido produzido em PORTO VERDE. Bom, aí a gente consegue acreditar que o Hulk correu (ou saltou) de lá até a Guatemala, onde ele acorda após a perseguição: Porto Verde deve ficar perto de Roraima.
Escondido na comunidade, Bruce Banner tenta aprender português com um dicionário e assiste a uma televisão que deve ter transmitido a copa de 70 e, inclusive, até hoje só passa coisa antiga. Há dois anos ou mais fugindo do governo dos EUA, ele arrumou emprego em uma fábrica que faz refrigerante com cara de Cepacol e tem um flerte (?) bem, mas bem breve, com a Débora Nascimento, que tinha 22 anos na época.


Não posso deixar de falar sobre os brasileiros que fazem bullying e perseguem o Banner na fábrica. O sotaque é muito esquisito. Li até que os atores, ou só aquele que lidera o trio, foi dublado na produção. Acharam que não estranharíamos? Tem também a mãe que chega na janela pra berrar o filho e solta um "Vem jantar, CRIANÇA!". Quem chama o filho por criança? Estamos cansados de saber que a mãe grita é o nome do filho (às vezes completo), não raro seguido por uma ameaça ou xingamento =P
Desta vez também achei o uso da cor verde em alguns momentos meio forçado. Por favor, não use o Pernalonga de Batom ™ contra mim. Achei artificial e óbvio comparado com o vermelho na série do Demolidor ou o roxo da série da Jessica Jones. Mas, não foi o tempo todo.
O Incrível Hulk não é uma continuação do filme do Ang Lee de 2003, embora pareça partir de onde ele termina. Nunca assisti àquele filme. Quer dizer, até vi o poodle contaminado pelos raios gama. Acho que foi muito pra mim. Pelo que eu sei, no outro o Bruce já nasceu contaminado e a radiação desperta o que já existia dentro dele. O da parceira Marvel Studios/Universal (que não vai devolver ele nunca pro Kevin Feige fazer um filme solo) mostra nos créditos iniciais que a origem é a tradicional mesmo: Banner foi ser cobaia da própria experiência e deu ruim. Nessa brincadeira, sua amada Betty Ross saiu machucada e ele passa a ser perseguido pelo sogro, o general Ross. 
Dizem que Edward Norton é um grande fã do Hulk, inclusive da série que tinha o Bill Bixby e Lou Ferrigno, e que contribuiu muito com o roteiro do filme, que teve uma produção muito conturbada. Na época, o diretor Louis Leterrier disse que tinha não sei quantos minutos de cenas descartadas. E haja interferência do estúdio. Mais pra frente, Thor: O Mundo Sombrio mostraria pra gente que isso não é lá bom sinal.
O CGI datou. Também, são 10 anos, né? O Hulk agora me pareceu bem mais tosco. E qual é a do cabelo que cresce? O Hulk até tem uma franjinha. O Abominável desta vez me lembrou dos koopas dolive-action do Super Mario, aquela cabeça minúscula no topo de um corpo imenso. 


Apesar desses detalhes, há coisas interessantes em O Incrível Hulk. A paranoia que serve de base para o Bruce Banner tal qual foi apresentado em Os Vingadores já estava lá. Também o dilema e peso na consciência de ter se destruído ao ser manipulado e usado na criação de uma arma. Bruce achava que estava trabalhando em um projeto que salvaria vidas (imunização para radiação). No entanto, ele mesmo acabou se transformando em uma criatura com grande potencial de causar mortes. Em uma das cenas, o general diz que o corpo de Banner não pertence a ele, mas exército. Certamente ele seria dissecado para produzir outros “Hulks” ou super-soldados em larga escala. O corpo de Banner é uma arma, um hospedeiro para outro ser e potencial agente transmissor. E esse “hóspede” não pode ser controlado e age sem que ele saiba o que está acontecendo. Edward Norton soube passar essa angústia muito bem.
Enquanto ele só quer se livrar do Hulk e seguir sua vida normalmente, voltando a ter autonomia sobre seu próprio corpo e parar de fugir, Emil Blonsky (Tim Roth), um militar que ama o campo de batalha, enxerga a maldição de Banner como uma benção. Ele fica maravilhado ao ver o monstro pela primeira vez e só quer ser como ele, enfrentá-lo nas mesmas condições, superá-lo. Ele quer ser temido, admirado. Ultrapassar as limitações humanas.
Depois de escrever TANTO, acho que ainda recomendo O Incrível Hulk sim. De todos, ainda é o melhor filme do personagem e conseguiu agradar a maioria, apesar de não ser muito popular.
Como aparentemente eu não sei a hora de parar, seguem mais algumas observações. Fique à vontade para comentar.
- Hulk consegue formular uma frase inteira quando se transforma dentro da fábrica de refrigerantes: “leave me alone” (me deixem em paz), diz para seus agressores, ou os agressores de Bruce. Ele perdeu essa capacidade e só recuperou recentemente em Thor: Ragnarok?

- O Abominável, por sua vez, fala até demais.
- Ainda é estranho pensar que Bruce amava tanto a Betty Ross, até carregava uma foto dela pra cima e pra baixo, era capaz de protegê-la mesmo enquanto Hulk, e ela simplesmente sumiu da vida dele e do MCU nos anos seguintes.


    - Perceba que ela não aparece nem quando o Hulk é filmado na invasão dos chitauri em Nova York, nem  quando ele estabelece endereço fixo. Entendo que pode ser coisa do contrato com a Universal, mas sabemos que os acontecimentos de O Incrível Hulk são canônicos no MCU, mas só sobraram o general Ross e as gravações na Culver University pra lembrar?

    - Nos últimos anos muita gente falava que o Hulk viu o Mjolnir caindo naquela cena da caverna durante a chuva (por causa do som do raio), e que, na cena deletada dele correndo no gelo dava para ver o Capitão América congelado. Mas, era só imaginação.

    - Devemos assumir que na cena final do Bruce meditando ele pensou que controlou o Hulk, só que não?

    - A cena em que Tony Stark entra no bar com uma luz atrás dele, quase como Michael Jackson em Smoth Criminal, foi mais uma pra dar certeza pro pessoal de que Os Vingadores aconteceria. Ela só faria sentido mesmo dois anos depois.



    - Quando anunciaram Mark Ruffalo no lugar do Edward Norton, em 2010, muita gente reclamou. Ainda mais aqui no Brasil, onde ele era mais conhecido pelas comédias românticas.
    - Hoje você consegue imaginar o Norton fazendo parte do MCU? Fazendo quase um filme atrás do outro, nas premières, participando das brincadeiras, etc? Não consigo.


    - Os anos correram e Louis Leterrier acabou dirigindo um grande sucesso, Truque de Mestre. Com Mark Ruffalo.


    • FICHA TÉCNICA


      O Incrível Hulk (The Incredible Hulk)
      Direção: Louis Leterrier
      Roteiro: Zak Penn
      Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt, Tim Blake Nelson, Débora Nascimento, Lou Ferrigno, Robert Downey Jr.
      Duração: 1h52
      Estreia no Brasil: 13 de junho de 2008
      Estreia nos EUA: 13 de junho de 2008
      Orçamento: US$ 150 milhões
      Bilheteria: US$ 263 milhões
      Fonte: IMDB, Box Office Mojo

    Um comentário:

    1. Pra você, esse foi o único filme que não tinha visto no cinema, pra mim ele foi o único filme do MCU que eu ainda não tinha visto. Provavelmente porque até um tempo atrás eu nem fazia ideia desse filme como parte da cronologia, e também por ser com um outro ator (dois atores pro Hulk num mesmo universo: um leve bug ficou na cabeça), de qualquer forma quando eu assisti não achei essa "coisa ruim" como geralmente via falar.
      Não sou nenhuma crítica ou expert em quadrinhos (basicamente entrei nesse mundo através do primeiros Hom. Ferro e Cap. América) e nem pretendo me alongar muito aqui, só quero dizer mesmo que gostei do que vi, ao final das duas horas eu me diverti com o filme e gostei tb do outro ator do Hulk.
      No fim das contas, fazer essa maratona tem servido pra me relembrar quão diferente os primeiros filmes são comparados aos mais atuais, mas claro que isso não se deve apenas a uma passagem de tempo, houve e ainda há muita coisa acontecendo de forma geral e isso influencia no MCU também.
      Parabéns pelas resenhas, tem muita coisa a ser lembrada msm RS
      :)

      ResponderExcluir

    Não precisa nem dizer que comentários ofensivos, agressivos, racistas, homofóbicos, spammers, enfim, qualquer conteúdo escroto, será excluído daqui, não é? Então, comporte-se.

    ALERTA: os comentários aqui postados não refletem a opinião do blog e são de inteira responsabilidade dos autores dos comentários.

    Tecnologia do Blogger.
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...