MCU Revisitado: Thor





Quando Thor caminhou em direção ao trono, tirou o elmo e deu uma piscadela para a mãe, Frigga, eu me fiz a mesma pergunta que a Rihanna cantaria no seu álbum que seria lançado no final de 2011: where have you been all my life?

Certo. Não foi exatamente o que eu pensei, mas deve ter chegado perto.

Thor foi o primeiro 3D da Marvel, meu primeiro 3D. Fiquei bastante impressionada na época. Duas coisas que me chamaram atenção: as armaduras, que me fizeram acreditar que um live-action de Cavaleiros do Zodíaco seria possível, e o efeito da Bifrost, que parecia ter algo “correndo” por dentro dela. Aquilo ficou lindo na tela grande.

Naquela época eu ainda não acompanhava os bastidores dos filmes da Marvel com muito afinco. Sei que vi as primeiras fotos divulgadas, assisti ao trailer e quis ver o filme. Minhas referências do Thor se limitavam 1) Ao filme A Volta do Incrível Hulk, que passava muito na televisão quando eu era criança 2) Uma HQ emprestada por uma colega de escola, anos antes, onde ele participava de uma aventura do Homem-Aranha. Ou seja: na minha cabeça, Thor já era um personagem potencialmente engraçado  ¯\_(ツ)_/¯

O diretor, Kenneth Branagh, era famoso pelos filmes shakespearianos da década de 90 e Frankenstein de Mary Shelley que, ao contrário do que o Rotten Tomatoes aponta, merece ser visto sim (adicione Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro na sua maratona e vai perceber como a galera tava gótica naquela época). Quando negociava com Kevin Feige para entrar na produção, ele insistia que aquela mistura do Brasil com o Egito de Shakespeare com quadrinhos daria certo.

Até que faz sentido: Thor tem a família real, intrigas palacianas, reinos rivais, o príncipe impetuoso, o irmão invejoso, humor, um romance “proibido”, crime, castigo, redenção, muito choro, (quase) morte. Isso tudo embalado por uma trilha sonora épica e Foo Fighters.


Com 150 milhões de dinheiros disponíveis, Branagh e sua equipe montaram uma Asgard grandiosa, linda, muito, muito dourada (hoje eu acho até cafona). Pra contar a história, ele também usou e abusou do ângulo holandês (câmera inclinada). Usada pela primeira vez em O Gabinete do Doutor Caligari (1920), expoente do expressionismo alemão, a técnica servia para dar uma ideia de inquietação, confusão, loucura até. Acho que aqui o diretor quis imitar alguns quadros que costumamos ver nas páginas das HQs. Inclusive, existe um vídeo que compila todas as cenas com ângulo holandês em Thor. Você acha que foi demais?

Thor dividiu opiniões naquele verão de 2011. Teve gente que adorou (eu), teve gente que odiou, e seria assim pra sempre. As mudanças causaram muitas reclamações, desde Donald Blake virando uma etiqueta de identificação numa camisa até a escalação de Idris Elba para Heimdall. Também teve quem não gostasse da explicação para a origem dos asgardianos. “Eram os Deuses Astronautas?”, questionava Erich von Däniken em seu best-seller da década de 60. Na Marvel Studios, sim. Nos filmes, eles são seres de outra dimensão, alienígenas, sem nada sobrenatural. É tudo ciência.  


Thor foi o primeiro filme lançado depois do painel da Marvel na San Diego Comic-Con de 2010 que apresentou o elenco de Os Vingadores. Foi a história com mais referências ao restante do universo dos filmes: o agente Coulson e a SHIELD, que menciona Tony Stark, depois as referências a Bruce Banner, o Gavião Arqueiro torcendo pro Thor ao invés de atirar logo uma flecha nele.



Natalie Portman topou fazer o filme pra espairecer após o pesado Cisne Negro, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz. Em Thor, Jane não é mais enfermeira, mas uma astrofísica que está investigando fenômenos no céu de uma cidadezinha com cara de velho oeste no Novo México. Seus colegas são Erik Selvig, outro cientista e amigo de seu pai, e Darcy, uma estagiária que está ali só pra conseguir créditos na faculdade. Atrapalhada, corajosa, barraqueira e muito determinada, ela vai atrás do Thor só pra saber como foi estar dentro do “buraco de minhoca” que acaba se revelando um portal entre dimensões.

Tom Hiddleston, até então um ilustre desconhecido, caiu nas graças do público ao emprestar sua forte carga dramática a um Loki misterioso, emocional, vingativo, alegadamente injustiçado, incompreendido: um prato cheio para os adolescentes que encheram as salas e passariam a segui-lo até os dias de hoje. Loki abriu muitas portas para Tom Hiddleston, que hoje é um dos nomes mais respeitados entre os jovens atores.


Obs: nunca conseguiram me provar que injustiça é essa que faz o Loki dos filmes agir como age. Desculpe.



Chris Hemsworth, outro ilustre desconhecido, ator de novela na Austrália, insistiu em um segundo teste para o papel porque Joss Whedon e Drew Goddard  - com quem trabalhou em O Segredo da Cabana - acharam um absurdo ele não estar entre as primeiras opções. Ele acabou desbancando o irmão mais novo (!!!), o próprio Tom Hiddleston e sei lá quantos. Nascido numa quinta-feira (thursday, THORsday), é o famoso predestinado. Foi alvo de uma chuva de críticas durante muito tempo, e levariam ANOS para que ele fosse reconhecido e valorizado por uma parcela um pouco maior do fandom. E quando eu falo anos, é porque isso aconteceu tipo aos 45 do segundo tempo

O filme estreou em meio à febre dos romances adolescentes do vampiro/lobisomem/anjo/outra criatura mítica com a mortal. Sem querer (querendo?), a Marvel Studios acabou lançando o seu romance super-herói/deus com a mortal, atleta com a nerd (um clássico) ou seja lá do que você quer chamar. Thor, literalmente, cai do céu em cima da Jane, como o Esteban caiu na praia da Marisol no clássico novelesco cult com um final terrível, Kubanacan.

Lembro-me de uns caras falando que era sim possível se apaixonar pela Natalie Portman em uma semana. Também teve quem me dissesse que era possível se apaixonar por qualquer um até em menos tempo. Considerando que se apaixonar não é o mesmo que amar, não é um absurdo. Digamos que eles tiveram um crush. Acho que a dinâmica deles lembra muito a série Thor: The Mighty Avenger. Se não estiver com muita preguiça, saiba mais sobre ela aqui. O casal, assim como a Jane Foster, não tiveram muita aceitação: era a tag thor x loki que movimentava o mercado das fanfics.

Foi também com Thor, um dos tantos filmes de origem que viriam a seguir, que a tal Fórmula Marvel foi “descoberta”? Herói + Vilão + Mocinha  + Sidekick + Risadas + Ação = Filme? É assim mesmo que se escreve a fórmula? Nunca fui boa em matemática.

FICHA TÉCNICA

Thor (Thor)
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Ashley Miller, Zack Stentz, Don Payne, J. Michael Straczynski e Mark Protosevich. Baseado nas obras de Jack Kirby, Stan Lee e Larry Lieber
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins, Rene Russo, Kat Dennings, Stellan Skarsgard, Idris Elba, Jaimie Alexander, Clark Gregg, Jeremy Renner, Colm Feore…
Duração: 1h55
Estreia no Brasil: 29 de abril de 2011

Estreia nos EUA: 6 de maio de 2011
Orçamento: US$ 150 milhões
Bilheteria: US$ 449 milhões
Prêmios e indicações: clique aqui
Fontes: IMDB, Box Office Mojo, Wikipédia

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