10 anos Marvel Studios
Ben Kingsley
extremis
Gwyneth Paltrow
homem de ferro 3
Mandarim
mark ruffalo
mcu revisitado
Robert Downey Jr
MCU Revisitado: Homem de Ferro 3
A sensação pós-abril de 2012 era de que nada poderia dar
errado. Quase um ano depois da estreia de Os Vingadores, o hype era uma
constante entre os fãs da Marvel Studios. A piada na época era que eles poderiam
produzir qualquer coisa que a gente assistiria. Era de se esperar que, como se
diz hoje, o povo estava “sedento” pelo lançamento de Homem de Ferro 3, em abril
do ano seguinte.
Na San Diego Comic-Con 2012, Robert Downey Jr. subiu no palco dançando no meio do corredor e usando uma das manoplas da armadura. As pessoas
estavam enlouquecidas.
Jon Favreau, diretor dos outros dois filmes, desta vez
ficaria só na frente das câmeras como Happy Hogan, dando lugar a Shane Black,
cineasta famoso por Máquina Mortífera. Ele também dirigiu o cult Beijos e Tiros,
um dos filmes que ajudou Robert Downey Jr. a voltar às telonas no início dos
anos 2000 (como você pode imaginar, teve um empurrãozinho do Rei Roberto na escolha). Um cara com tanto currículo, obviamente, faria um ótimo trabalho.
Além de dirigir, ele também assinou o roteiro do 3º filme do personagem mais
popular do MCU.
O primeiro pôster de Homem de Ferro 3 mostrava Tony diante
de várias armaduras. Influência de Ivan Vanko? Em outra imagem, em pânico, ele
caía do céu com a armadura parcialmente em chamas. Ainda tem aquele outro
pôster em que Pepper segura o capacete de Tony, quase dividido ao meio, mas com
os olhos estranhamente acesos. A cena do filme foi inspirada em Viviane Senna segurando o capacete do irmão, Ayrton, no velório dele em 1994. Pesado,
pensamos.
Depois saiu o pôster do Mandarim, vivido pelo oscarizado Ben
Kingsley. Ele usava uma túnica ou quimono, com uma calça de estampa camuflada, barba
comprida e coque samurai. Sentado em uma posição relaxada, mas imponente, ele
olha diretamente para você, enquanto ajeita os óculos escuros. Ao redor há
incenso, dragões, um capacete. Fãs passaram horas e horas analisando os
elementos da imagem, cavando referências. Em uma época em que o noticiário
internacional era dominado por notícias de facções terroristas e seus líderes,
o vilão Mandarim foi bem festejado. Saía o estereótipo do “Fu Manchu” dos quadrinhos, que ainda tinha muita magia envolvida (embora haja quem prefira aquela versão), e entrava a “crítica sócio-política foda”. A Marvel era
corajosa, pensávamos. Acabou o reinado do Loki melhor vilão, ousamos dizer.
Veio o trailer e tínhamos certeza que o Homem de Ferro estava lascado, a casa desmoronando e caindo no mar, armaduras destruídas, as “lições” do vilão. “You’ll never see me coming”. E aquele coelho gigante? Meu Deus, a Pepper estava grávida!? Ela era arremessada longe. Tragédia! Gravamos um vídeo reagindo ao trailer, quando isso ainda era uma novidade. Todas gritando, arregalando os olhos, aplaudindo ou soltando um palavrão. Eu tenho uma foto ao lado do pôster do Mandarim tirada semanas antes da estreia, fato do qual não me orgulho.
Veio o trailer e tínhamos certeza que o Homem de Ferro estava lascado, a casa desmoronando e caindo no mar, armaduras destruídas, as “lições” do vilão. “You’ll never see me coming”. E aquele coelho gigante? Meu Deus, a Pepper estava grávida!? Ela era arremessada longe. Tragédia! Gravamos um vídeo reagindo ao trailer, quando isso ainda era uma novidade. Todas gritando, arregalando os olhos, aplaudindo ou soltando um palavrão. Eu tenho uma foto ao lado do pôster do Mandarim tirada semanas antes da estreia, fato do qual não me orgulho.
Quando a pré-venda de ingressos começou, comprei logo dois:
um para a estreia, na sexta-feira, e outro pro sábado. CLARO que eu queria ver
duas vezes. Como não? A primeira seria com a Gabriela, colega de Vingadores da
Depressão, a Ravs, do Chris Hemsworth Brasil, uma outra amiga, e os seguidores
do blog que aparecessem. Dias mais tarde soube que uma estava lá, mas nos
desencontramos. A sessão de sábado seria com um amigo e o meu irmão. Queria
fazer como Os Vingadores: pegar carona com quem estivesse assistindo.
Todo mundo devidamente uniformizado com suas camisetas, sala
lotada, apresentações feitas. As luzes se apagam, voz do Tony entra em off,
armaduras explodem, e as logos da Paramount e da Marvel Studios surgem na tela
ao som de Eiffel 65. Não tinha como um filme começar assim e dar errado.
Mas deu.
Este aqui é o ponto onde você que gostou desse filme, não
curte opiniões contrárias e está saturado daquela discussão de 2013 deve
abandonar a leitura. Porque ontem, após cinco anos, revi Homem de Ferro 3 e não
fiz as pazes com ele.
Na época do lançamento, o RDJ Brazil lançou um projeto para
as pessoas mandarem vídeos comentando o que acharam do filme. Saindo da sessão,
Ravs e eu gravamos completamente indignadas. No nível “fãs descobrem
cancelamento de Lady Gaga no Rock in Rio 2017 em frente ao hotel”. Como você
deve imaginar, ele nunca viu a luz do Youtube. Ainda bem. Aproveito pra me
desculpar com a Larissa Reis que teve que assistir.
Pense nas 24 horas seguintes, em que tive que ficar
caladinha sobre o filme com as outras duas pessoas que veriam comigo no sábado.
Eu estava arrasada, mas não podia prejudicar a experiência deles. Talvez eles
gostassem. E se eu assistisse de novo e não achasse tão ruim? Quem sabe o
problema fosse eu?
No entanto, eles também não ficaram nada felizes. E ainda
custamos pra voltar pra casa porque era muito tarde e não conseguíamos pedir um
táxi. O dinheiro que gastei naqueles dois dias não volta nunca mais.
As próximas semanas, meses, seriam com o fandom mais
dividido do que grupo de WhatsApp da família em época de eleição. Era um misto
de decepção, raiva, sensação de traição, gente achando genial, gente defendendo
o filme só por causa do Robert Downey Jr, brigas.
Digamos que até a primeira meia hora, 40 minutos, Homem de
Ferro 3 parecia promissor. Só que depois que ele cai no Tennessee, o filme vira
qualquer outra coisa.
Vou começar a falar sobre o principal ponto da indignação
coletiva que se estabeleceu: o Mandarim era uma mentira. O terrorista que
ordenava ataques dentro dos Estados Unidos, com explosões misteriosas, que
quase matou Tony Stark e ameaçava o presidente era um ator decadente e viciado
contratado por Aldrich Killian (Guy Pierce), o verdadeiro vilão, para ser a
linha de frente dos crimes. O plano dele era matar o líder do país para que o
vice (eu não lembrava que era o finado Miguel Ferrer da série Twin Peaks),
comprado por ele, assumisse.
Esta era a grande plot-twist do filme. O Mandarim
ridicularizado. Tudo que eles tinham vendido nos trailers e entrevistas era uma
pegadinha. Não tenho nada contra viradas de roteiro, mudanças repentinas.
Surpresas na ficção são mais do que bem-vindas, mas o que eles fizeram com o
Mandarim foi enganar o público da pior maneira possível. Imagine então os
fanboys quando viram um vilão clássico do Homem de Ferro ser transformado em
uma piada de roteiro?
Os roteiristas se acharam gênios, mas a história repercutiu
tão mal, mas tão mal, que os extras do Blu-ray de Thor: O Mundo Sombrio vieram
com um curta chamado All Hail The King (Todos Saúdem o Rei), um falso
documentário mostrando o ator Trevor Slatery, o Malandrim (como nós chamávamos
na época) na cadeia e DANDO A ENTENDER que o Mandarim existe sim, só não era
ele. Eu nunca tinha assistido ao vídeo até hoje. Foi assumidamente uma tentativa de acalmar e se redimir com os fãs, mas ele não teve a terça parte da
repercussão do filme e anos depois a gente vê que a história não rendeu e nem
vai render, já que possivelmente não teremos mais filmes solo do Homem de
Ferro. Além disso, o vídeo tem um humor meio equivocado... Você pode assistir legendado aqui.
Como disse antes, o verdadeiro vilão do filme é Aldrich
Killian. Se você acompanha o Vingadores da Depressão sabe que tenho um problema
sério com vilões de motivação besta, e ele não foge à regra. Todas as ações dele
se baseiam em ter levado um bolo de Tony Stark na noite do réveillon de 1999
para 2000. Ele entra na história como um cara esquisito, pouco articulado, inconveniente,
enfim, completamente o oposto de Tony, mas com um cérebro afiadíssimo. Era
aquela dinâmica do nerd tentando se aproximar do bully. A garota fracassada vs.
a popular.
O fundador da Ideias Mecânicas Avançadas (IMA) queria propor
uma parceria da sua recém-aberta empresa de tecnologia com a Stark Industries. Muito
educada, a cientista Maya Hansen (Rebecca Hall), nova conquista do Tony, aceita
o cartão dele e diz que vai entrar em contato. Tony promete se livrar da
festinha no apartamento para se encontrar com Killian no telhado do hotel para
conversar seriamente sobre a ideia. O que, obviamente, nunca aconteceu. Então,
lá do alto da torre, se sentindo humilhado, diante dos fogos da virada do ano,
Killian resolve se vingar.
Você já assistiu ou leu 300? Lembra do Efialtes procurando Leônidas para se juntar ao exército espartano, o que é não lhe é permitido? Lembra o que
ele faz depois? Há semelhanças?
Anos depois, Aldrich Killian volta. Rico, metido a galã, com
a cara do Guy Pierce e aquele bronzeado laranja. Ele vai apresentar o projeto
Extremis à Pepper (que já conhecia a figura de carnavais passados), tenta seduzi-la
e tudo mais. Killian diz que é possível mexer em uma área do cérebro para que o
corpo evolua. Nos quadrinhos, o Extremis era um vírus capaz de unir Tony Stark
à sua armadura. Nos filmes, era um experimento que dava poder ao corpo humano
de se reconstituir, inclusive membros amputados, só que, como efeito colateral,
explodia.
Enfim, o negócio dele era criar a demanda (terrorismo),
aproveitando para eliminar o presidente e, no processo, destruir Tony Stark,
inclusive roubando ou matando a mulher que ele amava.
Existe um padrão nas trilogias do MCU até agora, talvez parte da tão falada “Fórmula Marvel”: o primeiro filme apresenta o herói, o segundo consolida o herói e o terceiro e último desconstrói o herói. Acompanhe comigo:
Capitão América: O Primeiro Vingador apresenta Steve;
Soldado Invernal mostra que o herói continua existindo independente do governo
e da corrupção na SHIELD; em Guerra Civil, ele luta pelo que acha certo e...
abandona o escudo.
Thor é o herói em formação; O Mundo Sombrio consolida
o herói a despeito do príncipe, que abdica ao trono para proteger a Terra e
viver com sua amada; em Ragnarok, ele perde tudo (pai, Mjolnir, Asgard, um dos
olhos), muda de visual, descobre novas habilidades e termina o filme herói, rei
e refugiado intergalático.
Em Homem de Ferro, conhecemos Tony Stark; em Homem de Ferro2, ele evolui a armadura e o reator ARC, ficando mais forte; em Homem de Ferro
3, ele perde a casa, armadura, é dado como morto e precisa se virar. Só que o
processo é muito tosco.
Tony fala que quer proteger a Pepper, cria armaduras dia e
noite com medo de novas ameaças, mas surta e dá o endereço de casa para o
terrorista. Bota toda a fé dele em uma armadura que não funciona (sendo que no
final do filme ele consegue chamar as outras que estavam lá nos escombros da mansão
em Malibu, perfeitinhas). Tony ainda dá uma de Batman e começa a investigar os
ataques do Mandarim, bem detetive mesmo. Depois continua sem armadura, sem
Jarvis e sem cartão de crédito pra gente ver que ele é foda porque tem preparo
(MacGyver). Mas esse insight vem de uma criança de 10 anos. Criança de 10 anos
esta capaz de curar (!!!) transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) por
telefone (!!!!!!!!!!!!). Esta semana fiquei sabendo da polêmica da personagem da novela das nove se tratando com coaching e lembrei de Homem de Ferro 3.
Vou parecer muito chata em comentar que Tony Stark é um
ex-fabricante de armas que não sabe atirar direito?
E o tempo inteiro Shane Black quase refilmando Máquina Mortífera. Homem de Ferro 3 se passa na época do Natal, o que ele faz questão de te lembrar a cada 15 segundos mostrando uma musiquinha ali, uma
Até hoje tem gente reclamando que as piadas quebram cenas
dramáticas nos filmes da Marvel, mas absolutamente nada se compara a Tony chamando
a infame Mark 42 pouco depois de ver Pepper “morrer” na frente dele e a
armadura se partir em mil pedaços na frente do vilão, como um brinquedo de
Lego.
Falando na Pepper, eu gosto da cena em que ela sai do fogo
com o Extremis, pega a manopla da armadura no ar e mata Aldrich Killian. No
filme, Tony diz que “resolveu o problema da Pepper”, e que “deu trabalho”.
Agora fiquei na dúvida se ele conseguiu remover o Extremis do organismo dela ou
se encontrou uma forma de controla-lo ou adormecê-lo. E aí?
Agora, com o teaser de Vingadores: Guerra Infinita no Super
Bowl, tivemos um vislumbre do que parecer a armadura do Homem de Ferro seunindo de forma mais “orgânica” ao corpo de Tony, como o Extremis devia ser.
Seriam os irmãos Russo, mais uma vez, consertando os erros dos filmes que não
fizeram?
O filme termina com Tony Stark destruindo todas as armaduras
e removendo os estilhaços da explosão que o obrigavam a usar o reator no peito.
Por que ele não tinha feito isso antes, né? O tempo todo diziam que o
procedimento era impossível e alguns segundos jogam tudo isso pela janela.
Apesar de tudo, Tony conclui que ainda é o Homem de Ferro. Corta para 2015 e
descobrimos que ele construiu tudo de novo, mas isso é assunto pra daqui a
algumas semanas.
Apesar da recepção dividida, Homem de Ferro 3 passou da casa
do 1 bilhão nas bilheterias e foi o filme que mais arrecadou em 2013. O hype,
como eu disse lá no começo, é poderoso.
Revendo o filme após todos estes anos, e descobrindo que
ainda não gosto dele, só reforçou uma coisa: pra mim, a cena pós-créditos em
que Bruce Banner estava dormindo enquanto Tony conta essa história toda ainda é
o ponto alto do filme e a que melhor me representa em relação àquelas mais de
duas horas.
FICHA TÉCNICA
Homem de Ferro 3 (Iron
Man 3)
Direção: Shane Black
Roteiro: Drew Pearce,
Shane Black. Baseado nas obras
de Don Heck, Jack Kirby, Stan Lee, Larry Lieber, Warren Elis e Adi Granov
Elenco: Robert Downey Jr, Gwyneth Paltrow, Don
Cheadle, Ben Kingsley, Guy Pierce, Rebecca Hall, Jon Favreau, Paul Bettany, Ty
Simpkins…
Duração: 2h10
Estreia no Brasil: 26
de abril de 2013
Estreia nos EUA: 3 de
maio de 2013
Orçamento: US$ 200
milhões
Bilheteria: US$ 1,2
bilhão
Prêmios e indicações:
clique aqui
Fonte: IMDB, Box Office Mojo, Wikipédia
Eu gostei do filme kkkk. Já assisti umas três vezes.
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