Avengers: Random & Fandom - Thoreau, Mark Ruffalo e Capitão América

Avengers: Random & Fandom

Thoreau, Mark Ruffalo e Capitão América




É preferível cultivar o respeito do bem que o respeito pela lei.

Henry Thoreau

  • Tema de hoje: Liberdade, Bruce Banner e Capitão Steve Rogers num discurso de Thoreau.
  • Adendo: Inspiração do post veio da aula de Literatura Americana I, da minha professora Sandra Takakura. Agradeço a maravilhosa aula e a autorização pra reproduzi-la no post.  
  • Adendo II: Desculpem a ausência e obrigada pela compreensão. 

Acho que eu estava já um pouco ansiosa para escrever a coluna de hoje. Estou com a ideia encubada tem algum tempo, umas 2 semanas. Ela me surgiu depois de uma aula de Literatura Americana I, onde minha professora mostrou-nos um vídeo do Mark Ruffalo lendo um trecho de "Civil Disobedience" (Discurso da Desobediência Civil) de 1849, escrito por Henry David Thoreau. Segue (áudio em inglês):


A primeira reação ao discurso foi engraçada, todas as meninas da sala meio que delirando pelo Mark e sem prestar atenção ao cerne da mensagem do discurso, especialmente  minha amiga Talita, que ficou sinceramente encantada. Mas todos se renderam a entonação e inspiração com que Ruffalo interpreta, indo muito para alem da simples leitura. Mas quando começamos a discutir a "essência" das palavras de Thoreau, fomos nos afundando em questões profundas e interessantes, entre elas, chegamos a Liberdade.

Mas antes, falemos no que consiste a obra de Thoreau. O ensaio publicado em 1849 consiste numa grande análise do Estado e seus Aparelhos Ideológicos Ideológicos; onde Thoreau criticamente fala sobre a obediência cega e imposta do homem aos seus governos. A obra foi escrita num período de guerra e Thoreau se negava a pagar os impostos bélicos; sofreu punição e a obra foi um tipo de resposta ao acontecido.  Um excerto:

"A grande maioria dos homens serve ao Estado desse modo, não como homens propriamente, mas como máquinas, com seus corpos. [...] Na maioria dos casos não há um livre exercício seja do discernimento ou do senso moral, eles simplesmente se colocam ao nível da árvore, da terra e das pedras”.

Thoreau queria Liberdade e versava contra a ideia do discurso militarista heroico que o governo estimulava constantemente para estimular o alistamento e a manutenção dos impostos que financiavam a guerra. O mesmo discurso que, na Segunda Guerra Mundial, fez nascer Steve Rogers (Capitão America). 

Quer dizer, o discurso de que honra, bravura, masculinidade e fama estão inerentemente atrelados ao militarismo vem de muito tempo. Steve foi galgado nessa ideia, na ideia de que qualquer um "frangote" pode se tornar o orgulho a nação se vestir a bandeira (que faz o uniforme do Captas). Mas esse discurso também oculta as desgraças e dores de uma guerra, na maioria das vezes infinitamente maiores que o lado "positivo" propalado pelo mesmo discurso.

Nem critico aos militares nem defendo-os aqui. O intuito do post e de Thoreau se faz exatamente em questionar; que possamos pesar as palavras que nos chegam. Que possamos refletir sobre as  condições de um soldado, seja ele um mero alistado ou um Capitão da Nação, como Steve Rogers, que, ele mesmo, teve de abrir mão de muitas coisas para assumir seu "cargo militar", no fim das contas.

Acho que o que Thoreau quis dizer resume-se exatamente a isso; a liberdade humana se encontra no questionamento, na reflexão. 

Mesmo a obediência pode ser livre, se for consciente.

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Sobre a autora: Yasmim Yonekura, estudante de Letras Língua Inglesa na Universidade do Estado do Pará, futuramente monitora na mesma. Escreve a Coluna "Avengers: Random & Fandom", que é publicada quinzenalmente às sextas-feiras e busca misturar universo de filmes e, às vezes, HQs da Marvel com temas dos mais diversos, do corriqueiro ao filosófico. Apaixonada pelo Capitão América, pelo Batman, boa literatura, boa música e pelos caras errados. Todos os comentários, dúvidas, opiniões, contribuições e sugestões para a coluna são bem vindas, me ache no Facebook ou pelo e-mail, ainda tem o Twitter.

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