estreia
Marvel Studios
MCU por uma não fangirl
o fandom da marvel
o que é ser fã
reflexão
MCU por uma não fangirl: o fandom da Marvel
Essa coluna surgiu de uma
pergunta direta que demorou um bom tempo para ser feita. Depois que voltamos
com o blog, deu não me animar com nada, escrever quase nunca, a Cris
educadamente me perguntou: “Sinceramente, Gabi, ainda tem alguma coisa nesse
universo que te interessa?” E até eu me surpreendi porque pude responder
honestamente, e bem rápido, que sim, que o universo, seus personagens, suas
histórias... tudo isso ainda me interessava.
Por isso, na tentativa de
ter postagens mais freqüentes aqui, e deixar de ser apenas um nome nos
créditos, criei essa coluna com a ajuda da Cris. A ideia é falar do MCU com
a minha visão. A triste verdade é que eu não sou uma fangirl. Sinceramente, se não
vejo aqui no blog, não sei quem são as pessoas do casting, não acho nenhum ator
maravilhoso - gatos sim, mas atores maravilhosos não -, acho premiere uma coisa
desnecessária, não sei nem procurar foto de ator no Tumblr.
Poxa, mas esse é um blog de
fãs dos filmes da Marvel, se você não gosta de nada disso, o que diabos você
está fazendo aqui? É que eu acredito muito na cultura pop e acho que isso tem
que ser levado a sério. A Marvel, seu universo e seus super-heróis, tem a
potencialidade de discutir temas relevantes para a nossa sociedade
e, constantemente, a gente se esquece disso. Na minha coluna eu vou tentar
lembra dessas coisas.
Ou seja, basicamente, a
gente está aqui para analisar a nossa sociedade a partir dos quadrinhos e
vice-versa. Talvez isso dê certo, talvez
não. Mas eu prometo tentar.
Fangirl, ser ou não ser?
“Elas
nem sabem o que é ser uma fã. Você entende? Amar tão verdadeiramente um pedaço
bobo de musica, ou uma banda, amar tanto que dói”. Saphirre, Quase Famosos,
2002, Cameron Crowe
Essa frase aí, daquele filme
Quase Famosos, é o que melhor explica, para mim, o que é ser fã. Poxa, quando a
gente gosta de alguma banda/música/artista de verdade, chega até a
doer. Ficamos tão conectados que as vitórias deles são nossas, as
derrotas também e quando o Jeremy Renner chama a Viúva Negra de
vadia você se sente quadruplamente machucado.
Magoa porque o Jeremy Renner
maltratou a Viúva Negra, magoa porque o Gavião Arqueiro maltratou a Viúva Negra
e magoa porque os dois falaram mal da Scarlet Johansson. Mas, por que diabos eu gosto tanto dessas
pessoas? Por que eu me preocupo tanto com esses seres humanos que eu não
conheço?
É aí que eu empaco. Não
consigo entender fazer a sua vida girar em torno de um ser humano que, muito
provavelmente, nunca vai saber quem é você.
Por causa disso, hoje de tarde, pedi à Cris que perguntasse aos fãs o que fazia deles fãs da Marvel. Aqui em baixo vou colocar algumas das repostas que achei interessantes e que me fizeram pensar sobre fandom de uma forma diferente.
Por causa disso, hoje de tarde, pedi à Cris que perguntasse aos fãs o que fazia deles fãs da Marvel. Aqui em baixo vou colocar algumas das repostas que achei interessantes e que me fizeram pensar sobre fandom de uma forma diferente.
Olha só, já aviso que
ignorei, e continuarei ignorando, toda e qualquer pessoa que vier falar que é
fã porquê: “ O Chris H. é LINDO e FOFO”. Não. NÃO. NÃO.
Isso não é motivo pra
ser fã. Razões da minha ira: Lindo
qualquer um é, se eu tivesse um gato, ia achar ele lindo, mas não ia idolatra-lo por usa beleza. E, por mais próxima do ator/ET/Banda/Cast que você
se sinta, VOCÊ NÃO O CONHECE, logo,
não tem como saber se ele é fofo ou não.
Voltando às respostas legais, teve uma moça que disse assim no Facebook:
“eu sou fa do RDJ porque ele
tem uma historia de vida (pessoal e carreira) fascinante, além de ser um ator
completo, pq a personalidade dele é foda e ele não faz o tipo bom menino. Ele
não é perfeitinho nem o homem mais lindo do mundo (embora eu ache ele um
charme, uma lindeza). E ele também engraçado pra karal***”
E um moço disse assim:
“Porque eles sempre me
salvam dos cara mal”
No twitter outra pessoa
disse:
“Ser fã da Marvel é não só
ler as hq's, é estudar cada detalhe dela, estudar cada detalhe do filme. 6 anos
no Fandom.”
Depois disso tudo, saquei
uma coisa que vinha negligenciando. A gente é fã de alguma coisa não nutrindo a vã esperança que esse ser mitológico reconheça a sua existência, não porque um dia você vai ter o poder de conhecer e dividir com
essa pessoa um copo de café...
O que te faz ser fã de algo é o que aquela coisa faz por você, o quão bem ela lhe faz sentir, o tanto que lhe ajuda a tomar decisões e se sentir representado. É por isso que a gente acaba sendo fã de alguma coisa.
O que te faz ser fã de algo é o que aquela coisa faz por você, o quão bem ela lhe faz sentir, o tanto que lhe ajuda a tomar decisões e se sentir representado. É por isso que a gente acaba sendo fã de alguma coisa.
E, por isso, para você que
é fã da Marvel eu digo: Hoje não é seu aniversário, mas você está de parabéns.
O
lado negro da força, The Dark Side of the Moon e outros clichês para falar do
lado negativo...
O fato é: se você analisar
de perto, ser fã não é tão legal assim. A palavra é derivada
do termo fanático que quer dizer: aquele “que se mostra excessivamente
entusiástico, exaltado, de uma devoção quase sempre cega; apreciador apaixonado”.
Houaiss.
E se você acha que fandom é
uma coisa só do twitter, tá muito errado. O estudo de fandom é coisa de gente
grande. No livro “The Cultural Economy of the Fandom”, algo como “A Economia
Cultural do Fandom”, o autor John Fiske define o termo como: uma associação de pessoas, grupo reduzido, que seleciona e se dedica a determinado assunto dentro do amplo repertório de produção
de massa.
Para ele o fandom está tipicamente ligado às manifestações culturais que a forma dominante de sistema de valor denigre, e está associado aos gostos culturais de pessoas desempoderadas por qualquer combinação de gênero, idade, classe e raça. Ou seja, é um meio de manifestação de minorias.
Para ele o fandom está tipicamente ligado às manifestações culturais que a forma dominante de sistema de valor denigre, e está associado aos gostos culturais de pessoas desempoderadas por qualquer combinação de gênero, idade, classe e raça. Ou seja, é um meio de manifestação de minorias.
Ele e outros teóricos
apontam como uma das grandes questões de ser um fã, daqueles bem fervorosos, a perda da individualidade. O fanático tem um grupo, uma horda, que a nossa
sociedade em redes deixou ainda mais fácil de encontrar, que se comporta de
forma parecida. É muito fácil se enfiar nesse universo, nessas realidades e se perder da sua própria
vida e da sua individualidade. Você é apenas mais um em meio daquela massa de
manobra.
Outra coisa que também me
chama atenção é uma possível dissociação da realidade. Sua relação é tão
próxima com aquelas pessoas, que você não tem tempo de formar novos laços com
seres não virtuais que estão a sua volta. Coisas simples, como aprender a conviver com decepção,
com a frustração de um relacionamento, seja com um amigo ou com um parceiro são
adiadas. A verdade é que não dá para você amar, de verdade, uma pessoa que você
não conhece. Isso tudo é idealização.
Em um estudo publicado na
universidade da Philadelfia, Katharine W. Jones, faz alguns apontamentos
interessantes sobre as mulheres fãs de futebol, que podem ser adaptados aqui ao
mundo Marvel. Depois de entrevistar 38 pessoas ela chegou à conclusão que
muitas vezes, no ambiente dos jogos, elas não reconheciam o abuso (verbal,
comportamental) cometido por homens como tal. Para parte delas, não existe abuso. Tudo aquilo não passava de
brincadeiras às quais os homens também estão submetidos. E que, muitas vezes,
elas teriam que ser menos femininas para serem levadas a sério como fãs.
Gente, convenhamos que esse apontamentos não estão tão distantes da nossa comunidade nerd que é muito machista, excludente e que impõe muita vezes que as menina provem o seu direito de ser nerd e gostar de super heróis.
Gente, convenhamos que esse apontamentos não estão tão distantes da nossa comunidade nerd que é muito machista, excludente e que impõe muita vezes que as menina provem o seu direito de ser nerd e gostar de super heróis.
Mas
nem tudo está perdido...
Não. Não é o fim do mundo
ser fã de algo. E agora eu vou falar aqui da minha experiencia pessoal. Senta que agora é o momento Aparecida Liberato.
Você é fã da Marvel, da sua
mãe, do seu cachorro, do whatever, pelo que essas coisas lhe dão. Pelo prazer, pela
inspiração, pela vontade de ser melhor. E isso, isso não é ruim. Isso é bom,
muito bom. São essas coisas que vão fazer você ser ~alguém na vida~. Então, fica
de boa, pega sua fantasia do Loki e vai para o cinema sem medo.
No final, o que é importante mesmo é pensar se o tanto que você dá é proporcional ao tanto que você recebe. Ver sua
atuação de fã como um investimento. Mesmo. Buscar avaliar isso da forma mais
racional possível. E ter uma visão critica. Perceber que você não conhece os
atores de verdade, que aquilo que você acha que sabe pode ser, e muito
provavelmente é, maquiado, uma interpretação, uma idealização sua e do meio.
Aceitar que essa idealização pode machucar, assim como as pessoas que estão
perto de você.
Ser fã é algo muito
prazeroso, mas amar algo pode ser libertador.
Seu texto foi lindo, sério. Eu concordo com cada coisinha que você disse. Parabéns. Agora... Qual o nome do nosso fandom? Somos marvetes? Hahahaha
ResponderExcluirEu me preocupo com eles, como se eu cohnecessc eles de vdd,para mts e n só para mim, msm de longe é como se a gente conhecesse eles. Eu sempre vou amar eles, como a mim mesmo, se um dia disserem para mim que eu não sou fa, eu vou levantar a cabeça e seguir em frente, pq quem tem que saber que eu sou fa sou eu. Quando eles chorameu choro junto, quando eles sorriem eu sorrio junto, pq para mim cada detalhe deles é importante, e isso torna eles pessoas incríveis. (Esse sao os motivos de ser fã deles, isso é oq eu sinto por eles)
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