Avengers: Random and Fandom
Daredevil
Demolidor
marvel
Matt Mudorck
Netflix
Séries
Séries da Marvel
Wilson Fisk
Avengers: Random & Fandom - Em nome do Pai: Wilson Fisk, Matt Mudock e a Narrativa Paterna
[ESSE TEXTO CONTEM SPOILERS SOBRE A SÉRIE]
Nada mais onipresente do que a figura paterna
na carreira da maioria dos super heróis, ocidentais. Hoje, na coluna, vamos explorar o lado freudiano da figura
paterna, em dois extremos: Wilson Fisk e Matt Murdock em Daredevil/Demolidor, série recém-lançada.
Abrindo parênteses, a série é
genial. Bem dirigida e bem feita em todos os aspectos, com um elenco
maravilhoso e muito consistente. É absurda de tão boa, viciante.
O episódio que me motivou a escrever
a coluna de hoje foi quase todo sobre Fisk, o oitavo episódio, Shadows in the Glass, mas associar com
a narrativa do próprio protagonista não é nada difícil.
Essa edição da coluna parte de um conceito
por um estudioso freudiano chamado Jacques Lacan, o conceito se chama
Em-Nome-do-Pai. De acordo com ele, a criança entra no mundo simbólico e social
através da figura paterna.
As figuras paternas de Murdock e
Fisk, definitivamente, mediaram a entrada dos dois no mundo social e moldaram
as suas ideologias.
O pai de Matt, Jack, é um
boxeador que aceita entrar no esquema de lutas compradas apenas para custear o
sustento do filho. Por querer um futuro melhor para o filho, Jack estimula o
menino a estudar e faz de absolutamente tudo pela sua cria. Apesar da vida
difícil de ambos, o pai de Matt dá amor e carinho ao filho, também passa ao
pequeno daredevil os valores idealistas de justiça e heroísmo que Matt carregaria
a vida toda e levaria a criação do próprio homem sem medo.
A história do pequeno Wilson Fisk
é, infelizmente, o extremo oposto.
O pai de Fisk é manipulador e
abusivo. A criança e a mãe são vítimas dos maus tratos, psicológicos e físicos,
diários do chefe da família, que além de tudo ainda tem conexões com figuras
perigosas do mundo das drogas. O pequeno Wilson tem uma luta diária para tentar
agradar a esse tirano, e visivelmente se sente rejeitado, incapaz de
corresponder às expectativas paternas.
O pequeno Fisk acaba por matar o
pai, em defesa da mãe, com um martelo. A cena é absurdamente chocante. E
emocionante. A narração do Wilson adulto também é marcante. É de catarse
absoluta pra quem, como eu, tem problemas paternos desde a adolescência. O mais
real desse episódio é que é muito empático. É muito crível, você se coloca nos
sapatos de Fisk.
Justamente, porém, o menino se
torna o homem que seu pai queria que ele fosse. Como o episódio usou de
princípios psicanalíticos, a figura paterna ficou cravada onipresentemente no
subconsciente de Fisk, de tal forma que nem ele se dá conta disso. Ele se torna
o rei, exatamente com o pai diz que ele deveria ser. Ele é incapaz de perceber
que o projeto dele de paz para a cidade é tão autoritário e injusto quanto o
pai era com a mãe e o pequeno Fisk.
Todos nós, de uma certa forma,
carregamos inconscientemente projeções das presenças ou ausências daqueles que
nos criaram. Eu que o diga.
Então, podemos dizer que o embate
de Fisk e Murdock é o embate de Jack Mudorck e Bill Fisk, estendido nos dois
pequenos meninos que se tornaram dois homens opostos em seus projetos de
salvação urbana.
Um embate em nome do pai.
Nenhum comentário
Não precisa nem dizer que comentários ofensivos, agressivos, racistas, homofóbicos, spammers, enfim, qualquer conteúdo escroto, será excluído daqui, não é? Então, comporte-se.
ALERTA: os comentários aqui postados não refletem a opinião do blog e são de inteira responsabilidade dos autores dos comentários.