Avengers: Random & Fandom - Produção de fã é importante sim!



Hoje, eu vim falar de um assunto muito especial pra mim, como fangirl, vidder e ficwriter: A produção artística do fã.

O tema vem martelando na minha cabeça, sabe? É algo que eu acho tão importante e que movimenta tanto o mercado para seriados e filmes, porque atrai mais e mais fãs, e que as pessoas geralmente desprezam, em especial alguns prepotentes representantes do sexo masculino.

Esse artigo é bem mais pessoal que os outros escritos na coluna, desde a versão antiga do blog. É por que eu acho que no começo tinha vergonha de assumir e falar sobre isso pensando que tudo era bobagem, ridículo e algo que ninguém precisava saber ou discutir. 

Bom, eu sou fangirl oficialmente desde os 12 anos (há quase uma década, olhe só), quando entrei para o fandom de Piratas do Caribe no Orkut, especificamente numa comunidade sobre Jack Sparrow e Elizabeth Swann. Nessa época eu não manjava do que era fandom, fanfic, OTP, nem nada disso, só tinha aquele instinto primitivo de ter visto o filme e desejado que ambos ficassem juntos. Depois de muita revolta com a Disney não ter investido neles no primeiro filme, resolvi procurar se mais gente compartilhava desse sentimento e, qual não foi minha surpresa ao descobrir que sim!

By SoBloondie - DeviantArt!


Bom, daí eu não parei mais. Foi fandom atrás de fandom até eu chegar aqui. 

Daí que a gente como fã começa a ver que a realidade do filme, quadrinho, livro e etc nunca, ou dificilmente, nos satisfaz. A gente pensa diferente, vê diferente. Na teoria literária, a gente chama isso de teoria da resposta do leitor, ou seja, o leitor não é alguém passivo só recebendo a informação. Ele recebe a informação e faz algo daquilo, que pode divergir em muito do que autor a princípio imaginou.

Basicamente, estenda isso aos fãs como um todo. Nós não somos criaturas passivas que vamos adorar o que vemos e consumir tudo que for possível. Fazemos isso sim, mas não somos só isso. Somos mais, queremos mais e produzimos pra tentar satisfazer os rumos daquilo que gostaríamos de ver nas histórias.

E daí surgem ships,  fanfics, fanvids, fanart, e toda a produção do fã, na maioria das vezes femininas. Em geral essa produção é marginalizada e debochada em muitos meios. Digo isso como ficwriter que já ouviu que escrever fanfic era coisa de mulher amarga e mal amada sem vida sexual. Isso por que sou uma mulher de 20 anos, na pós graduação, com vida sexual sim e que tem amigas mais velhas que namoram e até são casadas e que produzem fanfic.

Acho que parte desse preconceito é devido ao fato de que a imaginação feminina perde as barreiras na produção de fã. É na fanfic que a gente desvela nossos lados mais obscuros e erótico, sem medo de censura porque sabe que vai achar gente que vai gostar e que talvez compartilhe disso também, secretamente.

Guia não oficial de alguns temas abordados pelos fãs nas produções do AO3, famoso site de fanfic


Na produção artística como fãs, nós soltamos nossos sonhos, ideias, medos e desejos, tendo como base nossos personagens preferidos, que muitas vezes são arquétipos de pessoas e que tem muito em comum conosco. 

No fandom de avengers, eu me identifico demais com a Natasha Romanoff. Porque ela é independente e ousada e eu admiro e tento reproduzir isso na minha vida. Então, ver uma personagem assim retratada por uma atriz que eu amo enlouquecidamente me faz ter uma relação muito profunda com a Viúva/Natasha. É algo de catarse mesmo. 

Em termo de avengers, eu tenho orgulho de dizer que é um dos fandoms mais diversos e lindos, com uma produção maravilhosa, uma imensidão de ships e que revela muito sobre o subconsciente feminino, porque mulher pode gostar de pornografia masculina e produzir muito bem sobre isso. Por que é absolutamente natural um homem ficar se masturbando com vídeos lésbicos no XVideos, mas a gente admirar e querer escrever uma história de amor entre dois homens é absolutamente repudiável? Nada disso. A gente pode e deve continuar produzindo sobre ships, todo tipo, canon ou non-canon, independente do gênero. 

Eu, por exemplo, sou Romanogers (no caso, shippo Steve e Natasha), até a morte. Amo enlouquecidamente e vivo pra ver o ship crescer, mesmo com tanta perspectiva ruim em relação a Age of Ultron. E ninguém me faz desistir do meu ship. E se disser que é besteira, eu venho munida com 23342904802 videos e posts do tumblr pra provar o contrário. 



Muitas vezes, nossos ships falam por nós. Ou seja, talvez eu também esteja a procura de um Steve Rogers. Quem sabe? 

Então, esse é um post em defesa da produção artística do fã. Que é catarse, é desejo, subconsciente e libertação e já tem ate pesquisadores universitários produzindo sobre isso.

Então, vamos lá, povo, fãs: Criem! e me façam feliz

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