Avengers: Random & Fandom - Loucura! (nos quadrinhos e adaptações cinematográficas deles)

Avengers: Random & Fandom

Loucura! (nos quadrinhos e nas adaptações dele)

"Orgulho-me de vos dizer que esta Loucura, sim, esta Loucura que estais vendo é a única capaz de alegrar os deuses e os mortais.."

Erasmo de Rotterdam

• Tema de Hoje: Loucura. É um tema que garante polêmica, nos quadrinhos não é diferente. Mas seria a loucura uma coisa exclusiva dos vilões? E será que a loucura não é a ponte para uma sabedoria superior?

• Adendo: Dia de publicação da coluna mudou devido ao meu horário, agora vai ser aos sábados (mas continua quinzenal). Questões de faculdade, curso de idioma e trabalho, agradeço a compreensão :D

A loucura atrai o homem desde os primórdios da humanidade. 

Primeiramente, os gregos a associaram aos delírios religiosos; o êxtase espiritual e a loucura são separados por uma tênue linha. Em muitos dos oráculos religiosos, sacerdotisas que tinham a suposta capacidade de se comunicar com os deuses também teriam, invariavelmente, uma demência de algum tipo.

Talvez seja uma conveniente metáfora sobre o quanto os homens sempre temeram a loucura, mas sempre a admiraram de uma forma estranhamente torta.

Nos quadrinhos, como na linha da ficção em geral, a loucura é frequentemente associada a idéia maniqueísta de vilania. O "mal" é "louco". 

Usando essa idéia, nasceram muitos dos vilões mais icônicos da história dos quadrinhos.

Não diga que você não pensou nele desde o princípio.

O Coringa emblemático de Heath Ledger vem para nos lembrar que, como Alfred o define, "alguns homens só querem ver o mundo queimar". E é nesse ritmo de loucura que Coringa consegue questionar a ética humana, os princípios morais de cada indivíduo ao mesmo tempo em que bota Gotham em um pandemônio infindável. 

Esse padrão do Coringa se repete nos quadrinhos. Todos sabem que ele é mal e terrível, "louco" (literalmente, tanto que ele próprio é internado no Arkham Asylum), mas parece ser justamente através de sua abominável loucura que o Coringa consegue questionar e se inserir no âmago das questões mais perturbadoras da realidade humana. A prova disso é Arlequina, sua amante, que, enquanto psicóloga dele no Arkham, acaba sendo seduzida pelo próprio.

Mas na Marvel e, diretamente no universo dos vingadores, temos grandes provas de loucura tão interessantes quanto o Coringa.

Destaco os casos abaixo:

• Dr. Henry "Hank" Pym (HQs): O primeiro homem-formiga flertava seriamente com a loucura. Acusado de ter esquizofrenia, os distúrbios de Hank não se limitavam, como na maioria dos casos, meramente ao campo psicológico. Hank é inclusive acusado de espancar Vespa e fazer o corpo dela ser atacado por formigas num surto por causa do tamanho do vestido dela. Hank também se alia ao governo durante a Guerra Civil e é acusado de uma série de outros distúrbios dentro do universo Marvel. O interessante é que, apesar de tudo, Hank ainda é classificado (formalmente) como "herói", mas sua personalidade, se não corresponde a de um vilão, está mais para a de um anti-herói. No caso de Hank, a loucura é a tênue linha que o separa do gênio total a vilania mais podre, que é a vilania real, a vilani humana. (e eu ainda pretendo escrever uma coluna SÓ sobre o Hank)

• Thor (HQs/filme): Até o Deus do Trovão entra no rol dos afetados pela loucura. No Ultimate Marvel, Thor chega ao nosso mundo como uma espécie de hippie louco falando sobre Asgard. O engraçado é que, aparentemente, na HQ, não fica totalmente claro se é um delírio de fato ou se Thor é o Thor, o Deus do Trovão. Todos ao seu redor não acreditam em suas histórias oriundas das lendas nórdicas. O que é bem parecido com o começo do filme, onde nem a Jane nem ninguém ao redor, acreditava que Thor fosse quem dizia ser. No caso de Thor, a loucura é quase uma interessante piada, se você for lembrar dos filmes onde os loucos se diziam deuses, para brincar com as possibilidades e tentar aproximar, de alguma forma, Thor e seu universo da nossa realidade mais palpável

• Caveira Vermelha (filme): Caveira Vermelha, num caso análogo ao de Adolf Hitler, se tornou o vilão-mor do Captas ao se envolver com o misticismo e enlouquecer através dele, buscando por forças místicas que poderiam lhe transformar num, como Nietzsche, adorado e rodado nesta minha coluna, Super Homem, também eterno. Acho que o caso do Caveira é bem parecido com os delírios megalomaníacos do Hitler, que em algum ponto da História, é visível, perdeu a sanidade. No caso de Caveira, claro, haviam fundamentos na sua busca, mas nessa busca, ele perdeu os escrúpulos. É o caso clássico que comentei a princípio, onde a loucura está atrelada a idéia maniqueísta de bem-mal.

E você o que acha da loucura? Alguém aí conhece Tyler Durden?

#Partiu.

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Sobre a autora: Yasmim Yonekura, estudante de Letras Língua Inglesa na Universidade do Estado do Pará, e já monitora na mesma. Escreve a Coluna "Avengers: Random & Fandom", que é publicada quinzenalmente, agora, aos sábados e busca misturar universo de filmes e, às vezes, HQs da Marvel com temas dos mais diversos, do corriqueiro ao filosófico. Apaixonada pelo Capitão América, pelo Batman, boa literatura, boa música e pelos caras errados. Todos os comentários, dúvidas, opiniões, contribuições e sugestões para a coluna são bem vindas, me ache no Facebook ou pelo e-mail, ainda tem o Twitter.