Avengers: Random & Fandom - Bruce Banner, Hulk e Nietzsche

Avengers: Random & Fandom

Bruce Banner, Hulk e Nietzsche.

"O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma corda por cima do abismo.". -
Friedrich Nietzsche
  • Tema de hoje:  Uma reflexão sobre a natureza de Bruce Banner/Hulk embasada na visão de Friedrich Nietzche de Ubermensch (Superhomem)/der letzte Mensch (O Último Homem).



Acho que todo conhecemos várias histórias sobre homens que tem monstros dentro de si. Antes de Hulk, Stevenson trouxe-nos Dr. Jekyll e Mr. Hyde em O Médico e o  Monstro, onde um incrível cientista se transmutava em um monstro terrível. Outros casos surgem por aí facilmente, em mangás (Naruto, por exemplo, com a ambiguidade Naruto-Kyubi) e muitos outros campos da ficção. 

Esse tipo de caso é sempre uma ilustração válida para os diferentes extremos da alma humana; a parte civilizada e a parte bestial, servindo até mesmo como metáfora para a esquizofrenia. Afinal, o homem é uma criatura multifacetada e de uma natureza primitivamente animalesca, que luta contra isso desde o início dos tempos - sem muito sucesso, ao meu ver.

Na Filosofia, muito foi dito sobre isso. Mas eu quero abordar uma visão que vai parecer estranha ao extremo, mas faz sentido quando você olha por um certo ângulo.

Nietzsche e sua dicotomia Superhomem-Último Homem. O filosófo alemão mais cultuado da modernidade postulou em o Zaratrusta sobre o Superhomem, a criatura acima do homem, que transcende os meros limites humanos e consegue chegar a um novo patamar mental/físico/espiritual. O Último Homem seria justamente a oposição, seria o patamar máximo da inferiodade e da submissão do homem a suas raízes passionais e medíocres.

Querem ver essa dicotomia bem ilustrada na modernidade? Então vejam o Clube da Luta. Tyler e Tyler, Norton como Último Homem e Pitt como o Superhomem (idéia emprestada de um trabalho acadêmico dos meus amigos Cleiton Clesio e Matheus Massias). 


Mas como isso toca Bruce Banner e seu alter-ego Hulk (ou seria Hulk e seu alter-ego Bruce Banner?)? Simples. Bruce Banner é perfeitamente o Último Homem, tal qual Norton o era em Clube da Luta. O cara extremamente inteligente, mas que se reprime. Reprime a raiva, reprime os sentimentos intensos e arrebatadores. O homem que se prende. Não digo pelas HQs, mas no filme de Os Vingadores, isso é claríssimo. Na cena com Natasha na cabana, isso fica escancarado. E Tony Stark cutuca isso o tempo todo, e não via Facebook, mas ao vivo mesmo. Ele diz que prefere o Bruce "verdão".

Mas dizer que Bruce é o Último Homem implicaria em dizer que o Hulk é o Superhomem. E aí agora eu vou dizer sim e você vai se revoltar e me chamar de doida e abandonar essa coluna. Sinta-se livre para isso.

Sim, eu vejo o Hulk como uma distorcida espécie de Superhomem.



Mas como essa criatura bestializada, animal e bruta consegue ser o Superhomem de Nietzsche? 

Simples, o Hulk é, apesar de todo o fundo científico da mutação de Banner, um vislumbre da mais simples e purificada parte da natureza humana. O Bruce se torna Hulk e deixa suas amarras humanas de lado. Quando Bruce é Hulk, ele pode sim ser violento e descontrolado, mas ele também se torna herói e justiceiro (perguntem ao Loki, the punny god). Quando Hulk está em cena, as amarras de Bruce se vão, os limites acabam, o ser humano se vai e se transcende.

E o que era o superhomem de Nietzsche se não basicamente a transcedência da natureza humana?

Mas o Hulk é uma besta e uma fera selvagem, você diz daí. E eu digo que sem essa besta, os Vingadores não conseguiriam vencer o Loki.

Quais os limites entre um herói e um monstro? Onde começa o  superhomem e onde começa o Último Homem (por que não haveria Superhomem sem Último Homem, vale lembrar)?

Reflitam!


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Sobre a autora: Yasmim Yonekura, estudante de Letras Língua Inglesa na Universidade do Estado do Pará, futuramente monitora na mesma. Escreve a Coluna "Avengers: Random & Fandom", que é publicada quinzenalmente às sextas-feiras e busca misturar universo de filmes e, às vezes, HQs da Marvel com temas dos mais diversos, do corriqueiro ao filosófico. Apaixonada pelo Capitão América, pelo Batman, boa literatura, boa música e pelos caras errados. Todos os comentários, dúvidas, opiniões, contribuições e sugestões para a coluna são bem vindas, me ache no Facebook ou pelo e-mail, ainda tem o Twitter.

Um comentário:

  1. Yasmin, adorei seu post. Realmente me fez refletir sobre o Huck, mas principalmente como somos ensinados a nos retrairmos e sermos educadinhos, não que isso seja errado. Mas é preciso encontrar uma válvula de escape.
    Ainda não li o médico e o monstro, mas acho que irei ler.

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