Avengers: Random & Fandom - As heroínas (e anti-heroínas) e a transposição cinematográfica

Avengers: Random & Fandom

As heroínas (e anti-heroínas) e a transposição cinematográfica



  • Tema de hoje: Por que é tão difícil adaptar as aventuras femininas das HQs para o cinema? Seria isso possível num futuro próximo? Viúva Negra e seu filme dariam certo? Essas e outras questões na coluna de hoje.

Thor, Homem de Ferro, Capitão América foram grandemente transportados ao cinema pelas mãos do nosso lindo Joss Whedon e cia; Batman ressurgiu das trevas com Christopher Nolan, ganhando uma das trilogias mais aclamadas dos últimos tempos; Zack Snyder pretende trazer o Super Homem e sua honra e glória de volta nos meses vindouros; Wolverine. Os rapazes são grande sucesso de público e crítica, vindos das HQs e repetindo o triunfal sucesso nas telonas. Leitores ao redor do mundo felizes e novos fãs entram em contato com o universo desses heróis através dos filmes.

Lindo, maravilhoso. Mas e as meninas?

Talvez eu seja, às vezes, uma sexista chata. Sou sim. Mas acho que toda mulher tem que ser, hora ou outra, nessa vida. A questão da coluna de hoje está na minha mente há meses. Refletir sobre os sucesso dos meninos na telona é também ver o escancarado e quase total fracasso das heroínas (e anti-heroínas) na telona.

Exemplos não nos faltam; Elektra e Mulher Gato (Halle Barrry ganhou o Framboeza de Ouro pelo filme) só para ilustrar com veracidade. Os filmes antigos também não foram melhor sucedidos e conseguiram ser mais tensos; Red Sonja, heroína bárbara do universo do herói Connan, tem um filme antigo extremamente tosco (cujo único benefício que vi foi o Arnold Schwarzenegger, sim, eu gosto do Arnoldão, me batam).  O fracasso total parece mais estranho quando você olha para o universo do qual elas vieram, totalmente bem elaborado.


Acho que a Mulher Gato da Berry ilustra melhor do que tudo o que eu quero dizer. Poderia usar a Sonja, mas de certa forma o filme dela, por mais trash que seja, se tornou um clássico entre os fãs de Connan dos anos 80; e naquela época estava bem adaptado ao gênero. Mas o filme da Gata com a Berry é realmente um insulto a personagem; roteiro mal-feito, roupa sadomasoquista com apelo sexual elevado a mil e ao cubo de mil, cenas de ação toscas e nada verídicas, afora o fato de estar totalmente desconectado da Mulher-Gato original.

Agora, as mulheres funcionam perfeitamente quando inseridas como coadjuvantes. O exemplo-mor é nossa Viúva Negra, muito bem transporta das HQs ao cinema, tanto em Homem de Ferro 2 quanto em Os Vingadores pelo Joss Whedon. Especialmente no filme dos Vingadores, eu dou um crédito enorme ao Joss e a Scarlett, a Viúva está com um espírito super guerreiro e até o visual dela se adequa, adoro aquele cabelo batidinho da Scarlett, por que se eu fosse uma espiã russa, definitivamente eu iria querer um cabelo prático que se ajustasse com a minha vida.


Não só a Viúva é o exemplo de uma anti-heroína muito bem aproveitada, mas também a Mulher Gato, em O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Muito mais do que apenas uma conotação sexual, a Gata adquire um papel fundamental ajudando o Morcego, fora que o uniforme do filme do Nolan tem direta relação com o modelo atual dos quadrinhos. Anne Hathaway me surpreendeu profundamente e deu um show de atuação na pele de Selina, sem precisar beirar o nível de ridículo e sexual ao qual Berry chegou. A própria Hathaway (que se envolveu demais com a personagem) já falou que deseja um filme solo da Gata, dirigido (ou com o envolvimento) de Christopher Nolan.



Houveram também boatos do filme da Viúva, mas isso não chegou a se concretizar e colocaram a personagem na sequência do Capitão América. Apesar disso, tanto Whedon quanto Nolan, eu tenho certeza, tem a plena capacidade de realizar um filme de super heroína fantástico.

Conversei com a nossa vingadora Cristiane, nos perguntando o que é que falta para um filme de super heroína emplacar; acima de tudo, concluímos que falta um homem que consiga ver a mulher como um ser humano pensante e com conflitos, como George R. R. Martin fez, com sucesso, em sua obra As Crônicas de Gelo e Fogo. Martin explorou mulheres reais e sua maior vitória foi, acima de tudo, conseguir trazer o público feminino para o seu lado. Martin conseguiu construir mulheres reais e fazer com que as mulheres reais se identifiquem com elas.

Em seguida, perguntei a um colega, fã de HQ, o Thobias, qual sua visão disso, tudo. Segue o que me foi dito:

"Eu não gosto muito, a trama é feita pra ser quase que irrelevante, o filme gira em torno de algum complexo relacionado à alguma personagem do sexo masculino, ou no quão gostosa é a atriz que esta no papel.".


A gente vê que até o público masculino se incomoda com a excessiva sexualização das personagens e sua aparente disfunção enquanto heroína em si, sem propósito específico, sem uma jornada a qual passar; como as jornadas do Capitão América ou do Batman. Na visão dos diretores que adaptaram até agora, mulheres não têm propósitos existenciais, sendo constituídas apenas de suas vaginas e seus seios.




A prova de que isso é um puro erro na hora da transposição é o universo dessas heroínas. Para citar como exemplo, uso a Red Sonja. Sonja é uma garota belíssima, que vivia tranquilamente com os pais, até que um dia sua família é morta por mercenários e Sonja é estuprada. Deixada a beira da morte, uma deusa da guerra a resgata e imbui-lhe a dádiva da guerra, tornando Sonja uma guerreira melhor do que qualquer homem. O preço em troca disso é que Sonja só poderia se entregar ao homem que lhe derrotasse em uma batalha. Sonja é conhecida como "She-Devil with a Sword", algo como "A demônia da espada". Além de ser uma guerreira, Sonja tem uma personalidade extremamente forte e tem a missão de matar os mercenários que lhe destruíram a vida. 

Para mim, há um enredo perfeito pra filme aí. Sonja é uma personagem muito capaz de atrair público, tanto quanto mulher quanto como guerreira. Ela tem sim uma história e jornada próprias. Apesar de ser do Universo do Connan, Sonja tem HQs próprias, com arcos de aventuras só dela.

Perguntei também pro Thobias o que faltava, pra ele, nos filmes de heroínas/anti-heroínas e ele me respondeu:
"acho que melhorando a trama e fazendo a heroína ter um papel real  
de ação no filme já ficaria ótimo"


Ele me deu como exemplo de heroína que gostaria de ver nas telonas a Mulher Maravilha e também disse que, apesar de a personagem ter um universo e mitologia próprias, sua imagem é marcantemente a da "namorada de um kryptoniano."

Concordo plenamente. Ademais, acho que além dos fatores já mencionados acima, precisamos de alguém que, como Martin, consiga passar a imagem da mulher real. A mulher que sofre, chora, mas também tem a coragem de lutar. Que consegue ser bonita e sensual, sim, por que não? Mas boa de porrada na medida certa. Uma bunda grande e um soco potente para equilibrar a equação. Precisamos de cenas de ação real com mulheres, cenas de luta corporal, com espada, com tiros. Consigo ver a Viúva Negra em todas essas situações: ninguém pode negar que as sequências de luta/ação dela em Os Vingadores não são espetaculares.

O que concluímos é que as heroínas/anti-heroínas têm todo o potencial engatilhado. Só falta alguém com coragem o suficiente pra apertar o gatilho.


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Sobre a autora: Yasmim Yonekura, estudante de Letras Língua Inglesa na Universidade do Estado do Pará, futuramente monitora na mesma. Escreve a Coluna "Avengers: Random & Fandom", que é publicada quinzenalmente às sextas-feiras e busca misturar universo de filmes e, às vezes, HQs da Marvel com temas dos mais diversos, do corriqueiro ao filosófico. Apaixonada pelo Capitão América, pelo Batman, boa literatura, boa música e pelos caras errados. Todos os comentários, dúvidas, opiniões, contribuições e sugestões para a coluna são bem vindas, me ache no Facebook ou pelo e-mail, ainda tem o Twitter.

4 comentários:

  1. Texto maravilhoso.Parabéns pelo Trabalho.Tentarei ser curto e grosso.A palavra é medo.Hoje,Hollywwod está preguiçosa e sem idéias.Os poucos filmes bons são estragados,às vezes,virando franquias com continuações desnecessárias.Cito outros exemplo de fracasso: Supergirl. Produtores e diretores apostam em mulheres saradas e trama irrelevante,pois pensam que é isso que o público masculino, que eles julgam majoritário, quer ver. Um filme da viúva com os citados ingredientes e dicas seria excelente o que falta é coragem e quebrar paradigmas,dinheiro pra fazer tem.

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  2. poxa...seus textos são muito bons.
    eu vivo pensando no nisso desde que eu entre nesse mundo de herois. e finalmente alguém disse.
    OBRIGADA!!!!!!

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  3. Parabéns o texto foi muito bem escrito, e realmente, falta um pouco de incentivo na parte digamos "heroica" e deixar de lado a figura de mulher sarada... Eu acho que pensam que a maioria dos fãs são homens então fazem um filme com mulheres bonitas e saradas com trajes que fogem ao original pra atrair esse homens, mas até os homens notam que isso é um apelo desnecessário, ja que todos (homens e mulheres) estamos interessados na historia.
    *Existem rumores que estão planejam um filme sobre o Hank Pym, e disseram que não tem como falar do Homem Formiga e não falar da Vespa, então estarão colocando Janet no filme do Hank, ou então fariam um filme solo, o que você acha da introdução da personagem no filme do Homem Formiga? você acha que conseguiram realizar novamente o sucesso que fizeram com a viúva negra? E se fizerem um filme solo da Vespa, acha que eles conseguiriam estragar a personagem?

    *São apenas rumores, ainda não tem nada confirmado, assim com disseram que tambem a um projeto de filme do T'Challa, (com uma pequena participação de Ororo (Tempestade). São apenas rumores, mas aproveitando esse rumores o que você acha disso?

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    1. oi, Bruna, desculpa a demora! Acho que todos os projetos que vc mencionou são bem possíveis e podem ser bem feitos, com a produção e investimentos certos ^^

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